"Compreendemos a importância da prática esportiva enquanto direito de todas as crianças. Por isso estamos estimulando as entidades desse segmento a se inscreverem no Conselho para que possam também apresentar projetos", anunciou Milton Marinho presidente do Comdica, na audiência pública realizada nesta quarta-feira, dia 15 de julho, no auditório da prefeitura municipal.
Cerca de 25 pessoas estiveram presentes à atividade, inclusive representantes da secretaria de Saúde, do Instituto Esporte Educação, da ONG Estação da Cultura e do UNICEF, além de jovens, professores e dirigentes de associações esportivas de Belo Jardim.
Alexandre Arena e Alan Leão, do IEE, como vêm fazendo em outros momentos, voltaram a ressaltar a importância do investimento na educação física, insistindo que é preciso focar na garantia do direito ao esporte para todos. "Porque o professor de matemática faz de tudo para que todos os seus alunos aprendam a somar, multiplicar e dividir enquanto alguns professores de educação física preocupam-se apenas com as crianças mais habilidosas?", questionou Leão.
Diversas pessoas usaram a palavra para sugerir processos, métodos e prioridades para a formatação de um plano de ação voltado para o esporte. Foi lembrada a necessidade de se incluir pessoas com deficiência e de dar uma atenção especial à questão de gênero e de classe. "Crianças gostam de brincar e jogar juntas. O preconceito é algo que se constrói e o esporte, se bem usado, pode ajudar a combater a discriminação", opinou a conselheira Nena Marinho.
Carmem Peixoto, que representou a secretaria de Educação, sugeriu a realização de um seminário que pudesse envolver professores das redes municipal, estadual e privada. "É importante fazer o melhor dentro de nossas possibilidades. Acho que uma boa iniciativa seria realmente construir uma proposta pedagógica, assim como temos para outras disciplinas", afirmou a professora. "Sabemos que atender a todos não é fácil. São 13 mil crianças matriculadas nas nossas escolas. Mas nós temos o dever de fazer o que for possível para que esse direito seja plenamente garantido. Já compramos novos kits esportivos e contratamos mais professores. Mas temos a consciência de que o caminho a ser percorrido ainda é longo".
Integrantes de associações esportivas presentes saíram da audiência satisfeitos, prevendo novos encontros ainda maiores. "Essa iniciativa é muito importante e a capoeira não pode ficar de fora. Há centenas de praticantes aqui no município e a gente vê o quanto isso é importante para as crianças. Muitas mães me procuram para que seus filhos participem das aulas e fazemos esse trabalho sem qualquer apoio. Por incrível que pareça, ainda existe muito preconceito com a nossa modalidade. Além disso, o dinheiro acaba indo todo para o futebol", afirmou José Ferreira, o contramestre 'Zé do Bola', um dos praticantes mais atuantes da capoeira local.
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